Eu não sei o que é o amor

31 de janeiro de 2012



A gente tem certa pré-disposição para se apaixonar por aquilo que se parece conosco – quanto mais semelhante, mais atraente. Quase sem querer, pegamo-nos admirados por alguém que tem os mesmos gostos musicais que os nossos, que pensa da mesma forma sobre determinados assuntos ou tem as mesmas manias e loucuras que até então achávamos que só se encontravam em nós mesmos. As diferenças que existem – sempre há, pois ninguém é igual a ninguém – são camufladas com a roupagem de um mendigo que está ali, mas se você não se importar muito passa despercebido, e é como se ele não existisse.
Fingir que as divergências não existem dá uma falsa sensação de que entendemos as pessoas e consequentemente uma maior facilidade em se apaixonar por elas. Mas isso é um problema, pois desse jeito não nos apaixonamos de fato por outra pessoa, uma vez que gostar muito de quem se parece com a gente é o mesmo que se apaixonar por uma parte de nós mesmos no outro. E estarmos apaixonados por nós mesmos é ótimo, tudo bem, até o momento em que descobrimos que o nosso reflexo no outro está começando a ficar embaçado.
Eu não sei mais o que é amor, porque o que eu achava a respeito era só a personificação de mim mesmo na personalidade alheia, que minha limitação juvenil conseguia enxergar com um brilho fora do comum. Perfeito narcisismo. Só que não precisei me afogar em água para descobrir isso. Bastaram algumas leituras e alguns tutoriais sobre “como descobrir que você era um idiota que achava que amar era apenas enxergar o que aparentemente era agradável”. E hoje, estou eu aqui com uma teoria que não é totalmente minha, mas que faz bastante sentido para mim e me deixa levemente confortável.
Sobre a minha opinião sobre o amor, creio que funciona mais ou menos assim. Você fica tão feliz que tem a coragem de soltar um mortal da cobertura de um prédio com destino a um colchão de ar encontrado no chão, há alguns muitos metros abaixo, com umas pessoas tentando te dizer para não fazer isso porque o colchão está furado. Uma ideia bastante ridícula, diga-se de passagem. Mas juro que quando souber mais informações eu escrevo um texto novo – é o que sei fazer até agora.
Enquanto isso, eu posso fingir que está tudo bem e que não estou nem um pouco preocupado com meu coração que está andando por aí à procura de um coração rosa para brincar de pulsar forte. Até então, tudo normal... A vida é um fingimento mesmo.

17 comentários:

  1. Oi Rodrigo
    adorei o texto
    Acho que antes de amar alguém, realmente temos que aprender a gostar de nós mesmos.
    Eu sigo essa linha, e estou feliz só.. enquanto não 'aprendo' haha

    Seguindo aqui, adorei seus textos.

    beijos
    Nana - Obsession Valley

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  2. Não seja tão negativo, sua concepção de amor está indo por um belo caminho. Penso semelhante a voc Rodrigo, que nos amamos a nós mesmo, e por isso que antes do amor pelo outro temos que ter um mínimo de amor proprio, ou sempre acabará dando errado.

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  3. Amei, amei demais o texto... você escreve muito bem, tem uma profundidade que nos faz sentirmos no seu lugar. Apesar de sua visão parecer escura agora com relação ao amor, não se preocupe, com o tempo sempre acabamos entendendo.. ou o melhor, sentindo. Beijos
    http://primeirapessoa-dosingular.blogspot.com/

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  4. Nana, todos estamos aprendendo, não é mesmo? >< vindo um pouco pro clichê, a vida é uma eterna escola 'haha. Obrigado pelo comentário *-*

    Bianca, pois é.. se a gnt não gosta da gnt mesmo não tem como gostar do outro de fato... concordo :)

    Pérola, que bom que gostou do texto, rs. Fico feliz! E eu espero, realmente, que minha visão do amor fique clara com o tempo..

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  5. No dia que alguém me definir com exatidão o que é o amor, tenho por certeza que essa pessoa nunca amou ninguém. Amor é infinito, nos leva a fazer loucuras e nos cura de tudo. É remédio, é escape, é motivação... amor é tudo, enfim.

    Blog lindão, gostei mesmo. Abraços ;)

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  6. Amor. Tem algo que perturbe a cabeça de alguém mais do que ele? Não sei ao certo. O amor tem das suas brincadeiras. Amar alguém parecido com a gente pode ser, mas o diferente pode nos fazer crescer. Realmente, não tenho certeza, pois também não sei o que é amor. Só sei amar.

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  7. Eu também queria saber o que é o amor. Beijo

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  8. Rodrigo, já tinha visto um trecho no tumblr que condiz com o que você escreveu. Que a gente ama no outro aquilo que faz se lembrar de nós mesmos... Eu até entendo isso, e me vi em algumas situações, e fiquei pensando nisso. Mas eu acho que amor, amor mesmo, é enxergar as diferenças e se agarrar a elas, não só nas semelhanças...
    E... não sei mais o que dizer, rs.
    Um beijo.

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  9. Sou obrigada a dizer que concordo com tudo o que você falou. Acho idiota a ideia de pessoas se gostarem porque são parecidas. Amigos foram feitos para serem parecidos com a gente - quer dizer, geralmente sim. No amor, a questão é completar e ser completado, e se o outro nos for exatamentes igual, ele nada nos acrescenta, apenas se soma ao que já somos sozinhos. E o amor é como você descreveu, uma queda livre. Sempre instável. E a gente sabe que ele está lá não quando conseguimos ignorar os defeitos do outro, e sim quando aprendemos a nomeá-los por grau e número, sempre com uma coisa em mente: "e daí que ele é assim? talvez eu seja pior".
    Seguindo aqui :) Bjs

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  10. Tem tanta coisa que me inspira a dizer que ele existe e pior é que muitas das vezes é derrubado por coisas ruins. Concordo que a vida é uma atuação, agora fingimento =x uhashuhssu sei não.

    kkkk

    beijos

    Amy Macchiato

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  11. Amy, legal sua opinião ^^ Mas eu acho que se a vida é uma atuação então consequentemente é um fingimento, já que quando se atua você está 'fingindo' ser alguma coisa que não é você mesmo.

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  12. Oi, Rodrigo!

    Sou uma senhora de quase cinquenta anos e confesso que me surpreendi com a sua explanação sobre o amor romântico!

    Perdoe-me se transpareço ter ideias pré-concebidas sobre a vida dos jovens de hoje,mas,o que se vê ou o que fica mais visível, é a maioria dos jovens preferirem não ter relacionamentos profundos ou marcantes, privilegiando as relações efervescentes, dinâmicas e, por isso mesmo,superficiais.

    Quando você fez a imagem de uma pessoa se jogando do alto de um prédio para cair num colchão de ar furado,feliz demais para pensar ou admitir a possibilidade desse colchão estar furado, fiquei pensando: De qual altura você consegue imaginar esse pulo?

    Um dia eu dei esse pulo emocional e nem cogitei sobre se havia um colchão para me amparar. O que de fato aconteceu, mas não deixaria de fazer a mesma opção, caso pudesse voltar no tempo para desviar o rumo que escolhi.

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  13. Olá, fiquei muito surpreso e feliz com seu comentário. Não sei se está lendo isso, mas agradeço pelas palavras.
    E olha, concordo com a suas "ideias pré-concebidas sobre a vida dos jovens de hoje". O progresso e a velocidade afetaram até os relacionamentos. As pessoas se envolvem, sofrem, terminam e procuram outro relacionamento muito rápido. Não dá tempo nem de saber se era amor! É algo que aprece profundo, mas é apenas a nata do sentimento enganando os corações inexperientes dos jovens.
    Não sei se é bom ou se é ruim essa metamorfose dos valores. Eu ainda prezo pelo profundo, avassalador e real. Um sentimento que perdure e que venha naturalmente, sem indução ou por pura conveniência.

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  14. A questão é saber lidar com tudo, até com a total semelhança. E concordo com o que diz, por mais que tenham tudo em comum, vai haver algo para diferenciar. Nunca conhecemos uma pessoa por completo. Podemos namorá-la uma vida inteira, mas só convivência irá nos apresentá-la de verdade.

    Gostei de tudo aqui. Tu escreves muito bem. Parabéns.

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    1. Luiz, concordo contigo... A convivência responde muita coisa.
      Muito obrigado pela visita!
      Volte mais vezes, rs.

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  15. Amor, amor, amor... Coisa tão fácil de digitar aqui, mas como explicar isso? Uns dizem que não tem explicação, e talvez estejam certos. Essa coisa toda é tão complicada. Tudo é complicado. Será que acertaremos quando começarmos a nos apaixonar pelos defeitos? Mas isso seria pior, penso eu. Defeitos não, diferenças. Será? Veremos...

    Eu não sei o que é o amor e isso é tudo o que sei.
    Sim, eu fiz isso.

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    1. Não é que a gente precise se apaixonar pelos defeitos - isso seria estranho e falso, eu acho -, mas pelo menos aceitar que eles fazem parte do todo e que precisam ser considerados e não maquiados para se fazerem aceitáveis...
      Sobre esse negócio todo eu não sei muita coisa, Gessy... Pra mim é tudo igualmente complicado.
      E, bom, isso é tudo que eu sei também kkk.

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