Sandman

27 de setembro de 2012

Não sou conhecedor de HQ's, admito, mas uma amiga me mostrou essa história um dia e eu por acaso gostei. Nunca terminei de ler (assim como faço com a maioria das coisas que começo), mas de vez em quando eu abro o arquivo e leio. Já postei trechos da revista em quadrinhos Sandman¹ aqui outras vezes e venho repetir a dose.
Hoje passei por esse diálogo² entre uma criança chamada Chloe Russell (Ratinha) e Morpheus (Sandman, Devaneio ou qualquer um de seus variados nomes). O trecho chamou minha atenção porque quando eu era criança também costumava sonhar que estava voando (com certeza outras pessoas também), e nos meus sonhos eu sabia exatamente como fazer isso, mas ao acordar não conseguia me lembrar de como era. Triste...
Eis o diálogo:

"-Pode me dizer uma coisa?
-Talvez.
-Quando sonho, às vezes, eu me lembro de como voar. É só levantar uma perna, depois a outra e a gente fica em pé no ar. Aí, é só voar. Mas, quando eu acordo, não consigo mais me lembrar de como se faz.
-E daí?
-Eu queria saber se, quando tô dormindo, eu me lembro mesmo de como voar e me esqueço quando acordo, ou só sonho que sei voar?
-Quando você sonha, às vezes, você se lembra. Quando acorda, sempre se esquece.
-Mas não é justo...
-Não".
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1 - Sandman, a revista, foi criada por Neil Gaiman em 1988. Suas histórias descrevem a vida de Sonho, o governante do Sonhar (mundo dos sonhos) e sua interação com o universo, os homens e outras criaturas. (Wikipedia)
2 - O diálogo foi retirado da parte 3 do arco número 13 da revista (Vidas Breves).



Um último ônibus

14 de setembro de 2012


Ilustração retirada desse vídeo.

Talvez tivesse perdido o ônibus. As pessoas que sempre estavam no ponto aquele dia não estavam. Será que coincidentemente todas elas resolveram não aparecer? Ele esperava ali todos os dias naquele horário, não havia como ter ficado para trás. E se tivesse passado mais cedo? Bom, o próximo carro viria em uma hora e a única opção existente era esperar.
Esperou. O ônibus passou antes do intervalo normal de uma hora. E agora, aquele era o de sempre com um pouco de atraso ou o próximo muito adiantado? O motorista não era o mesmo, mas isso já não importava agora que estava dentro.
Passou a roleta e escolheu sentar nas cadeiras da esquerda, pois o tempo de viagem em que o lado direito ficava desprotegido do sol era maior, e ele não gostava muito do sol. Pôs-se a fitar o lado de fora da janela, absorto. Sempre fazia isso. E ali, sentado naquele assento pouco confortável, ele tinha conversas profundas consigo enquanto examinava as pessoas que passavam. Tinha experiências iguais a essa quando conversava com alguém e não conseguia prestar total atenção no que o outro dizia, e ficava concordando e rindo sem saber o porquê. Distração. Pelo menos é o que ele dizia para explicar a si mesmo essa situação de desatenção da “vida real”. Mas ele sabia que no fundo tinha algo a mais.
- O senhor pode me ajudar com alguma quantia, senhor? – perguntou a ele um rapaz que ia de pé segurando nas hastes de apoio do ônibus e que trajava algo que parecia um macacão, com uma blusa amarelada por baixo – É que minha família precisa muito de ajuda, senhor. Qualquer quantia, senhor.
- Sim – respondeu a ele - Não tenho muito, pois ainda tenho que voltar para casa.
E com um sorriso forçado ofereceu alguns centavos ao rapaz, que agradeceu e o abençoou por três gerações.
Às vezes essas coisas aconteciam, e isso também o fazia pensar demais. As pessoas geralmente instigavam sua curiosidade. Via tudo como se fosse um grande espectador da vida, como se ele próprio não vivesse, mas apenas existisse.
Ajeitou-se na cadeira e retirou o celular do bolso para verificar as horas. Colocou-o de volta e percebeu que não lembrava mais que horas eram. Distração, pensou. Fez tudo de novo e descobriu que era ainda muito cedo e como sempre chegaria primeiro que todas as pessoas normais. Não que isso fosse um problema. Pelo contrário. Gostava de chegar mais cedo e observar os outros chegando no horário certo. Isso alimentava ainda mais a ideia de ser ele um espectador e o dava mais um exercício, o de julgador da vida. Fazia isso toda hora, mas guardava tudo para si. As pessoas falavam que não se devia julgar, e, embora não concordasse totalmente, era melhor não procurar briga, pois era minoria.
Sem querer, acordou e só assim descobriu que estivera dormindo sentado por algum tempo. Mas, de repente, as coisas escureceram. Sua cabeça estava girando. Ouviu o barulho de vidro se quebrando e o ruído que lhe parecia ser o de uma multidão de pessoas em desespero. O efeito da inércia agora atuava sobre o seu corpo jogando-o para o lado enquanto observava o ônibus deslizando sobre o asfalto, as faíscas completando o espetáculo para quem observava de fora.
Parou. Não conseguia se mexer. Foi então revelado a ele que as pessoas não veem o filme da vida quando estão perto de morrer. Lembrou-se de muitas coisas, apenas. Coisas que concluiu serem importantes, já que vieram à tona no momento de sua morte. Soube, então, que talvez não tivesse feito as melhores escolhas durante a vida. Já sabia disso, mas agora sentia a vontade de poder voltar e recomeçar tudo...

A gente cresce

3 de setembro de 2012


Vejo-me em um impasse, fazendo coisas que não quero por não saber as que eu quero. É como se por falta de planos em mente eu seguisse o caminho pelo qual tudo vai indo automaticamente. Assim mesmo, “gerundiamente”.
De certo, posso estar errado ao agir a favor daquilo que eu sei que não me traz satisfação. Concordo se me disserem que o melhor caminho seria não fazer nada disso tudo que eu ando fazendo e que, repito, eu sei que não quero fazer. Sim, pois se não o fizesse provavelmente descobriria o que eu quero fazer.
Embora concorde com essa minha lógica, sinto me desapontar, não é tudo de que preciso. Continua-me faltando a tal coragem e o impulso que me é essencial para nadar contra o fluxo que sempre segui. Se já é difícil seguir a correnteza, imagine nadar contra ela! Logo eu que não nado muito bem...
Pois bem. A vida nunca me pareceu tão simples e tão complicada quanto hoje, mas sinto que algumas coisas já estão no lugar.
Realmente, a gente cresce...
O É tudo que eu sei completou seus primeiros 200 seguidores ontem. Fiquei feliz porque tinha parado em 199 e não saía mais, rs. Agradeço aos responsáveis - que no caso são vocês que seguem. Ah! Mudei o layout do blog também. Enjoei do outro... Esse é o quinto a estrear por aqui e o segundo feito por mim - e é melhor visualizado no Google Chrome. Ficou simples e muita coisa permaneceu igual, mas o que vale é a intenção. O robô sentado ali em cima é o Marvin (clique e conheça-o), um dos meus personagens de livros preferidos. Bom, eu gostei do resultado e espero que você que está lendo isso agora também tenha gostado. É isso. Tchau!
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