Sobre a minha realidade

20 de fevereiro de 2012


Por mais que eu queira fugir da minha realidade ela sempre me abraça forte e eu acabo cedendo aos seus braços. Minha realidade está em ser capaz de dizer o que sinto somente quando estou meio pra baixo. Vez ou outra eu consigo falar coisas interessantes estando de bem com a vida. Mas na maioria das vezes, quando em momentos de “alegria”, eu evito estragar as coisas e me conformo em não dizer nada ou não procurar problema onde não tem.
Eu adoro escrever. Foi escrevendo que aprendi a organizar minha bagunça interior, a passar por momentos ruins sabendo que tudo que acontece tem um motivo e que não preciso me preocupar tanto em acertar sempre. Sabe, errar faz parte do jogo. Aprendi em filmes que escrever é uma terapia e que te ajuda a enfrentar os seus fantasmas, e bom, deu certo e continua dando comigo. Às vezes passo dias sem arriscar uma palavra, mas é que tem horas em que as coisas estão controladas e não há necessidade de desabafar nada.
Já disse tantas vezes que gosto de ouvir as pessoas, mas a verdade é que eu não tenho muita coisa para dizer a elas. Pode parecer incoerente, pois escrevo tanto! Mas o que escrevo é o que se passa por dentro, o que mais há de oculto, e isso eu não consigo dizer para ninguém diretamente. Gosto de falar aos ventos e escuta quem quiser ou quem estiver atento à procura de palavras. Ora atinjo alguns, e ora alguns me atingem. É assim o meu jeito de encarar as coisas.
Sei inventar histórias, mas isso não me agrada. As que eu tenho são só disfarces do que sinto lá no fundo mesmo. Por isso não são totalmente inventadas. É que quando não quero ser direto eu distorço a realidade e escrevo coisas tortas para dar um ar de despreocupação, afastar-me do centro das atenções e deixar que os personagens tomem esse lugar.
Não sou poeta nem artista. Não sou culto nem gosto de formalidades demais. Não sei a hora certa de fazer as coisas certas, mas sei que a vida me leva sem reclamar e sempre tem alguma coisa guardada para todo mundo. Por isso eu digo que está tudo bem, mesmo sabendo que não está nada cem por cento. Porque aprendi que as coisas desconexas e não interligáveis que eu digo fazem algum sentido mais tarde.

17 comentários:

  1. Eu também sinto que às vezes as coisas parecem não ter sentido, que estamos num mundo totalmente contraditório. Mas daí a gente respira fundo e bota no papel. Coisas sem sentidos, idiotas, mas que no fundo, nos fazem bem apenas por estarem lá. Como se estivéssemos tirando um peso dos ombros. A escrita é maravilhosa!



    Beijinhos, Amanda Cristina.
    www.primeiro-livro.com

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    1. Demais!
      Só o fato de você tirar do seu interior e exteriorizar qualquer coisa que te faça algum peso alivia muito... *-*

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  2. Pois é...nos meus momentos mais ruins, mais confusos, são também os que mais escrevo. Quando escrevo sobre mim mesma, acabo me entendendo mais e nessas situações confusas acabo enchergando um outro lado da história que sem a escrita talvez eu jamais veria. A escrita nos ajuda a pensar mais fundo, a ir mais além dentro de nós e, ainda, a compartilhar essa experiência deliciosa com os outros. Me identifiquei contigo, continue nos deliciando com suas escritas. Grande beijo!

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    1. É verdade... tem coisas em mim que eu só descobri o que eram depois de escrever e ler muito!
      Muito obrigado pelo comentário *-*

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  3. Whoa. *-* Seu texto está ótimo *o*. Gosto de escrever, mas ainda não consigo organizar minha bagunça interior, talvez eu me encontre no ato de escrever um dia destes.
    Beijones <3


    Rachel Lima
    http://corujando.org

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    1. Haha... continue tentando! Eu ainda não cheguei no estágio final da organização, até porque eu acho que isso nem existe, rs. Mas a gente vai evoluindo aos poucos até chegar em um ponto em que esteja tudo mais ou menos certo, né? (Espero que esse ponto chegue um dia...)

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  4. Que texto liindo, geralmente escrevemos o que não temos coragem de falar.
    Beiijos:)
    http://cartasp-voce.blogspot.com/

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  5. Não sei, mas acho que você é tipo uma versão masculina minha. Eu me vi nesse texto o tempo inteiro, em todos os momentos. Sério! Até tive que me apoiar na mesa pra ler com mais atenção. KKKKKKKKKKKKKKK Somos muito parecidos :P Eu escrevo tanto, mas nunca sei falar muito.
    Amei.

    Beijos,
    Monique <3

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    1. HAHA sério? Poxa... isso é legal! Direto eu leio algumas coisas por aí e me identifico. Acho que todo mundo tem algumas coisas em comum com outras pessoas. E de vez em quando a gente acha essas pessoas né? ^^
      Espero que volte mais vezes por aqui pra ver se foi coincidência ou se temos mais coisas parecidas 'haha \o/
      Beijo ^^

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  6. Já disse que adoro o modo como você escreve? Sério, admiro seus textos demais.
    O segundo parágrafo você deve ter escrito pra mim. Sempre me encontrei pelas palavras. Desde pequena, quando me sentia pra baixo ou perdida emocionalmente, eu colocava tudo no papel, depois lia. E, incrivelmente, tudo clareava, e eu conseguia enxergar a situação de um modo muito melhor.
    Agora, se eu posso ser boa em escrever, eu sou péssima em falar. Sou como você: gosto de ouvir as pessoas, mas não falo muito. Se elas quiserem ouvir algo de mim, é melhor eu mandar o conselho por escrito, heheh.
    Beijos.

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    1. ô, moça... isso me deixa feliz *-*
      Obrigado por adorar o modo como escrevo, hehe.
      Às vezes eu enjôo da forma como faço isso, mas se estou agradando alguém então tudo está bem ^^
      Beijão :)

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  7. Uma escrita introspectiva. Isso é um elogio. Vi que não é o seu foco a certeza, e sim as certezas. Falas em disfarces, mas tu estás nu agora. Tirou várias capas e capas que tinha no corpo, e por sinal, pesadas, chumbos em brasa. Estás leve, pois escrever é assim, uma terapia, um passo para um tempo em suspensão, uma liberdade no espaço. É importante também ratificar a importância da leitura, afinal, vc escreveu. Me entende? Entende sim! Para escrever tem que ser leitor, ao menos de si mesmo, dos seus próprios textos, ações e reflexões, já que a leitura tem seu sentido amplificado na contemporaneidade e, talvez, assim continuará sendo na pós-contemporaneidade.

    Parabéns, continue com muita sensibilidade e coragem ao fazer deste blog um espaço em liberdade, um diário pessoal.

    Para ser sensível nos tempos hodiernos é preciso muita coragem, organização, ainda que pareça desorganizada, além de sentir o cheiro, tocar, pensar, repensar, parar e refletir esmíuçadamente cada intrelaço.

    Gostei deste texto, e sobre o texto abaixo...fiz um poema que estende uma intertextualidade.

    Um abraço fraterno.

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    1. "Vi que não é o seu foco a certeza, e sim as certezas." Acertou em cheio hein?! Eu vivo na busca das minhas certezas, mesmo sabendo que elas podem até não existir. Mas a gente precisa de um propósito pra viver, algo que dê sentido... e buscá-las me traz esse sentido.
      Eu sinto às vezes que é coragem o que eu tenho mesmo. Expor assim o que eu sinto é muita loucura. Ainda bem que nunca me perguntaram pessoalmente 'por que escreveu tal coisa?'... porque eu ficaria acanhado e não saberia responder. Aqui é mesmo um diário... um local pra despejar as coisas boas e ruins que acontecem comigo 'hehe.
      Muito obrigado pelas palavras e um abração!

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  8. De certa forma vi meu passado aí, eu era assim mesmo, só conseguia revelar as coisas par as pessoas (de forma perfeita) através da escrita...

    Um abraço.

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    1. Interessante seu comentário...
      Acho que você evoluiu então.
      Espero que um dia também consiga isso, porque por enquanto o que me resta é escrever.
      Um beijão :)

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  9. Rodrigo, me sinto como você. Consigo transmitir tudo que estou sentindo e senti através das palavras, eu amo escrever, amo mesmo, e recebo elogios disso o que até acaricia meu ego, alguns amigos dizem que sou boa nisso, outros dizem que eu deveria escrever um livro, haha. Apesar de não me apegar em elogios, são desses que me movem sabe. Acho que eu preciso de confirmação.
    E sei lá, eu também escuto mais do que digo, mas já é o contrário, eu tenho tanto pra dizer, mas não sei como começar, entende? E então, é nas palavras que me deleito.
    Amei teu texto. E tomara que tudo dê certo. Um beijo

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