Sobre me explicar

16 de abril de 2014

Disse eu: não tenho que me explicar!
E dessa forma jurei prosseguir.
"Mas por quê?", perguntaram-me.
Ora, não tenho que me explicar porque eu não vejo necessidade para tal, respondi.
Foi assim que acabei me explicando sem querer.
A vida riu de mim.

Sobre como eu descobri que não sou interessante

6 de abril de 2014

Descobri que não sou uma pessoa interessante. Fiz essa descoberta após um longo período de sondagem pessoal em contraste com os resultados da observação do mundo ao meu redor. A pergunta feita a mim mesmo foi: você conhece as coisas do mundo? Os seguintes pontos foram levantados:
  • Saber o nome de atores e atrizes (nacionais e internacionais), assim como os filmes que estrelaram;
  • Saber diferenciar várias comidas diferentes pelo nome e não pela aparência;
  • Saber o nome dos integrantes das bandas que eu escuto, assim como sua história;
  • Saber o nome das músicas que escuto, assim como o que dizem suas letras;
  • Ter ficado bêbado em algum momento da vida;
  • Saber andar na minha cidade, assim como conhecer o meu país e o mapa-múndi;
  • Ter comido um Mc Lanche Feliz em algum momento da vida.
O resultado foi deprimente e a conclusão não poderia ser outra: eu sou uma pessoa sem graça. O problema é que eu não vejo nada de errado em ser assim tão sem graça, e se eu quisesse ser uma pessoa um pouco mais legal teria que me esforçar um pouco. O outro problema é que eu não tenho essa motivação.
Eu gosto é dos meus livros; de pegar ônibus lotado para ficar com vontade de sair dali e sentir felicidade quando finalmente sair; de voltar para casa andando na chuva; de acordar atrasado e conseguir chegar a tempo; de escutar músicas sem conhecer o nome só para que meus dias não sejam silenciosos; de comer misto-quente com refrigerante; de sorrir para a pessoa que estava dormindo ao meu lado no ônibus e acordou assustada quando bateu a cabeça na janela, só para que ela não se sinta envergonhada por estar babando; de assistir vídeos no YouTube; de conseguir montar minha escrivaninha seguindo o manual; de comer as coisas sem saber o nome; já disse que gosto dos meus livros?; de escutar a nona sinfonia de Beethoven mesmo sem saber o que a música significa, qual a diferença entre sinfonia e orquestra, quais instrumentos são tocados e quem foi Beethoven afinal; de pedir ao balconista da padaria ali de cima uma Laka e um Diamante Negro e pagar apenas dois reais.
Em contrapartida, existem as qualidades que eu não possuo: não sou uma pessoa politizada; não tenho uma opinião formada sobre os assuntos polêmicos que envolvem a sociedade; não sei tocar violão; nunca fui à uma boate; não consigo me expressar muito bem;  eu me distraio enquanto as pessoas estão conversando comigo; eu não sei andar na minha cidade; não sei nada sobre História; nunca comi Mc Lanche Feliz; não bebo e por isso nunca fiquei bêbado; não conheço filmes, músicas e pessoas famosas por nome; não sei fazer um resumo sobre os livros que eu leio e os filmes a que assisto.
Bom, apesar de não ter todas essas qualidades, que estão presentes em pessoas interessantes, eu sigo vivendo a minha vida sem graça. 
A título de curiosidade, a conclusão final dessa pesquisa foi: não teria como ser diferente, Rodrigo, com margem de erro de talvez você se sinta incomodado às vezes, mas é assim mesmo para mais e para menos.
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