Manhã de domingo

12 de agosto de 2018

Acredito que essa é a segunda vez que me atrevo a escrever sobre as manhãs. Em um passado não tão distante, dizia que encontrava beleza nas primeiras horas do dia. Surpreendo-me ao perceber que essa sensação ainda provoca coisas boas em mim, como se, mesmo que eu mude tanto e tão profundamente, isso permanecesse igual.

Hoje sento em uma cadeira de plástico branca enquanto leio um livro qualquer. Tenho em minhas mãos o segundo copo de café do dia e ao redor o silêncio que tanto me faz bem. Vez ou outra ouço o ruído de vozes dos vizinhos e o bater das portas da casa de minha tia. Ao longe, alguns pássaros cantam e perto de mim a Afrodite, minha gata, caminha inquieta, como se procurasse algo que nunca foi capaz de encontrar. Tudo isso resgata o que mais há de poético em mim. Renova minhas energias.

É incrível como a gente consegue transportar as ideias para outros lugares sem mover sequer um músculo do corpo. Aqui, sentado, viajo. O céu bem limpo talvez sinta falta das nuvens, mas carrega nessa ausência uma beleza sem igual. Bate um vento leve, quase frio, para trazer equilíbrio para a quentura que o primeiro sol traz consigo. O corpo agradece.

Contemplo a vida. Sou grato por poder sentir.

O dia dos demais se inicia. O silêncio é quebrado. Respiro. Sorrio. Após quase dois anos, escrevo algo. Nada tão profundo, mas concluo que é preciso subir à superfície de vez em quando para respirar e esvaziar a mente das perturbações cotidianas.

A vida vale a pena.


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