Eu não sei o que é o amor

31 de janeiro de 2012



A gente tem certa pré-disposição para se apaixonar por aquilo que se parece conosco – quanto mais semelhante, mais atraente. Quase sem querer, pegamo-nos admirados por alguém que tem os mesmos gostos musicais que os nossos, que pensa da mesma forma sobre determinados assuntos ou tem as mesmas manias e loucuras que até então achávamos que só se encontravam em nós mesmos. As diferenças que existem – sempre há, pois ninguém é igual a ninguém – são camufladas com a roupagem de um mendigo que está ali, mas se você não se importar muito passa despercebido, e é como se ele não existisse.
Fingir que as divergências não existem dá uma falsa sensação de que entendemos as pessoas e consequentemente uma maior facilidade em se apaixonar por elas. Mas isso é um problema, pois desse jeito não nos apaixonamos de fato por outra pessoa, uma vez que gostar muito de quem se parece com a gente é o mesmo que se apaixonar por uma parte de nós mesmos no outro. E estarmos apaixonados por nós mesmos é ótimo, tudo bem, até o momento em que descobrimos que o nosso reflexo no outro está começando a ficar embaçado.
Eu não sei mais o que é amor, porque o que eu achava a respeito era só a personificação de mim mesmo na personalidade alheia, que minha limitação juvenil conseguia enxergar com um brilho fora do comum. Perfeito narcisismo. Só que não precisei me afogar em água para descobrir isso. Bastaram algumas leituras e alguns tutoriais sobre “como descobrir que você era um idiota que achava que amar era apenas enxergar o que aparentemente era agradável”. E hoje, estou eu aqui com uma teoria que não é totalmente minha, mas que faz bastante sentido para mim e me deixa levemente confortável.
Sobre a minha opinião sobre o amor, creio que funciona mais ou menos assim. Você fica tão feliz que tem a coragem de soltar um mortal da cobertura de um prédio com destino a um colchão de ar encontrado no chão, há alguns muitos metros abaixo, com umas pessoas tentando te dizer para não fazer isso porque o colchão está furado. Uma ideia bastante ridícula, diga-se de passagem. Mas juro que quando souber mais informações eu escrevo um texto novo – é o que sei fazer até agora.
Enquanto isso, eu posso fingir que está tudo bem e que não estou nem um pouco preocupado com meu coração que está andando por aí à procura de um coração rosa para brincar de pulsar forte. Até então, tudo normal... A vida é um fingimento mesmo.

O restaurante no fim do Universo

26 de janeiro de 2012

Marvin, Zaphod Beeblebrox, Ford Prefect e Arthur Dent 
(no filme... é, tem um filme também)

O Guia do mochileiro das Galáxias sobre a população do Universo.
[...]
É fato conhecido que há um número infinito de mundos, simplesmente porque há um espaço infinito para que esses mundos existam. Todavia, nem todos são habitados. Assim, deve haver um número finito de mundos habitados. Qualquer número finito dividido por infinito é tão perto de zero que não faz diferença, de forma que a população de todos os planetas do Universo pode ser considerada igual a zero. Disso podemos deduzir que a população de todo o Universo também é zero, e que quaisquer pessoas que você possa encontrar de vez em quando são meramente produtos de uma imaginação perturbada.
[...]

O Restaurante no fim do Universo - Douglas Adams
Faz mais ou menos um ano desde que li a série "O mochileiro das galáxias" pela primeira vez. Gostei tanto que estou relendo. É engraçada, reflexiva e doida. Eu recomendo de verdade.

Não volte pra mim - Carlos Carvalho

20 de janeiro de 2012

Já coloquei uma música dele por aqui uma vez (post aqui) e estou vindo falar dele novamente. Essa música foi feita pelo meu amigo Carlos Carvalho e eu gostei tanto que merece outro espaço no meu espaço!
Espero que quem está lendo assista o vídeo e se possível comente o que achou.



Para escutar lendo a letra:

Tem coisa que não se conta por aí

9 de janeiro de 2012


Há coisas que se sente e que se deve guardar para si próprio. Fazer do sentimento um segredo e evitar a revelação, o compartilhamento. A maioria das pessoas está sempre tão atolada em devaneios, pensamentos, ou mesmo na falta disso, que dificilmente dará tanta importância ao que sentimos da mesma forma como damos. A normalidade é assim mesmo.
Eu digo que não se deve dividir certas coisas, mas não pensem que quero dizer que se deve ser egoísta. Não é questão de egoísmo, até porque não é mesmo. Eu chamo de preservação. Sabe por quê? Porque quem se abre demais pro mundo deixa qualquer um entrar e acaba perdendo a sua individualidade. Eu acho isso um problema. Por mais que se conheça alguém, nunca saberemos por completo como esse alguém pode reagir diante do que sentimos. Caso ele - o alguém - interprete errado, ou mesmo não dê tanta importância como nós mesmos damos, o desfecho, quase sempre, é nos conformarmos que o que tem no nosso coração é besta demais ou exagerado demais. Mas eu sei que o que se tem no coração nunca pode ser passível desse tipo de julgamento. Nunca ouvi dizer em tribunal de sentimento. Essas coisas assim, puras, tão abstratas que chegam a ser difíceis de descrever, fazem parte da alma - do espírito, da consciência, do presságio para o racional... Como queiram chamar, não importa - fazem parte da alma e não se julga uma alma. Nem dá pra se ver uma alma, oras.
Então, funciona assim. Você conta o que se passa a uma pessoa e ao mesmo tempo está permitindo que essa pessoa entre no seu mundo e faça o que achar certo, mesmo que não seja o seu certo. Se você vai concordar ou não, não importa. O estrago já foi feito. É como se você guardasse uma coisa muito importante dentro do guarda-roupa em segredo e um dia resolvesse mostrar ao seu amigo e ele reagir dizendo “nossa, era só isso?!”. Acaba com qualquer um... Às vezes é melhor não correr esse risco.
Por isso eu volto a dizer que nem tudo deve ser compartilhado. Tem coisa que existe só pra ficar guardada mesmo. Se mostrar pro mundo estraga.
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