Coma construtivo

25 de agosto de 2010

De vez em quando eu penso que estou vivendo em um sonho. Mas não porque minha vida é um paraíso, ela nem é.
Não é nesse sentido que eu quero dizer.
Um sonho de verdade, literalmente falando.
Penso que estou na mente de uma criança que ficou lá no passado, no final dos anos 90, morando em uma casa de aluguel e contente por poder andar de bicicleta na área de casa, porque sua mãe não permitia que saísse portão à fora.
É louco! Bem louco.
Um dia fiquei um tempão debaixo do chuveiro me imaginando com uns três ou quatro anos de idade deitado sobre uma cama de hospital, com pessoas ao meu redor e desacordado. Em coma profundo, porém vivo. Pelo menos minha mente estava viva. E sonhava.
Sonhava com isso que sou hoje. Sonhava com tudo que aconteceu, que no caso é o que viria a acontecer futuramente.
Deixa eu explicar melhor: Eu estou em um sonho, dentro da minha própria mente, com quatro anos de idade, vendo tudo que vai acontecer quando eu acordar.
E o que hoje existe e acontece é um sonho, inclusive vocês.
Essa criança (que no caso sou eu), quando sair do coma profundo será um perigo para a humanidade. Pois terá o conhecimento absoluto de tudo que irá acontecer, nos detalhes mais minuciosos e com total cautela em tudo que faz, já que sabe de tudo.
Aí eu fico me questionando: mas se essa criança por acaso não sobreviver ao coma e vier a morte?
Bom, nesse caso o universo que foi construído dentro da sua mente estará destruído. Eu, tu, ele e ela, nós, vós, eles e elas, todos, absolutamente todos deixarão de existir e o sonho acabará.
Mas será o início de uma vida real, difrente de tudo que é hoje. A criança morreu, mas o restante do mundo continua vivo.
E muitos outros universos podem estar sendo construídos dentro de mentes infantis a partir de um universo real. Mas eu nem quero pensar nisso, já tenho problemas demais da maneira que fui "sonhado" e me imaginar de tantas outras formas alternativas contidas dentro de diversos "sonhos eternos" é cansativo.
Enquanto eu pensava nisso, meu pai me gritava para sair logo do banheiro alegando que não sou eu quem paga a conta de luz.
Acho que estou com muito sono, é, deve ser isso.

Amar defeitos

21 de agosto de 2010



As pessoas não aprendem a amar o outro como ele é. Elas transformam a pessoa que ama em algo perfeito dentro da mente. Sabe, criam um ser e alimentam a ideia de que ele é assim como imaginam, se negam a enxergar a realidade e se apaixonam por esse ser inventado. Esquecem que é uma coisa fantasiosa.
No imaginário as coisas não são reais, assim é bem mais fácil se apaixonar. Porque algo feito com as características que nós atribuímos e gostamos, é mais aceitável do que se acostumar com o não-perfeito.
Aí depois de se apaixonarem apenas pelas qualidades quase fictícias da pessoa amada, começam a desprezá-la, porque passam a conhecer realmente todos os traços da personalidade. Incluindo os defeitos.
Então se decepcionam, pois aquele ser não era real. E a vítima acaba sendo a outra pessoa, que não foi amada como deveria. Foi idealizada, criada, inventada. E agora é desprezada e jogada para escanteio, já que não atende aos anseios do "criador". A realidade não é suficiente.
Mas há algo a se fazer para tentar reverter essa situação, que é aprender a enxergar o outro como ele realmente é, sem esperar demais, sem fazer ilusões, sem criar qualidades inexistentes.
Assim estaremos amando verdadeiramente, da maneria como deve ser.

PS: Nem tudo que é clichê deixa de ser verdadeiro.

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Baseado nesse vídeo aqui. Recomendo que assistam.

Fábrica de sentimentos

18 de agosto de 2010

Meus sentimentos me dominam. Não sei porque ainda insisto em tentar controlá-los.
Eu sou o local de trabalho, a matéria prima está ao meu redor, quem trabalha é meu coração, minha mente auxilia. O produto final são os sentimentos.
O engraçado é que quem deveria ser o chefe dessa fábrica abstrata é justamente o que é escravizado pela mercadoria produzida.
Um universo paralelo construído entre as ruínas de um mero mortal.
Só que nesse caso a realidade não é alternativa. Mas queria eu transformá-la em tal forma.
Se simples fosse como escrever e falar, seria eu o monarca do reino dos sentimentos.
Enquanto isso, aguardo com esperança de continuar vivo até o fim do expediente.




                      

Conversa interior

14 de agosto de 2010


Emocionalmente dizendo, sou um multi sensações. Se é que existe esse termo.
Um pouco desequilibrado, talvez. A vida me proporciona isso. A cada dia, a cada minuto, a cada pensamento novo.
Por um momento pensei ter descoberto a solução para meus pontos fracos.
Mas não. Existem muitos outros, e outros... e outros.

Na busca do auto conhecimento avancei alguns passos. Tímidos, mas importantes.
Passei a saber que não conheço muitos dos meus limites. Vai ver eles até não existem.
Outra coisa importante: quando se ama, a alma alimenta-se de pequenas atitudes, o que pode ser ruim quando se é preciso tomar decisões importantes. Medo de fazer algo errado e ter o peso na consciência futuramente sabe?
Fico sentimentalmente manipulável (lê-se dependente).
Odeio isso! De coração.
Melhor não. Deixo o coração para amar.

E os meus olhos são teimosos, falam mais que minha boca. Enxergam demais, pensam demais, me destroem demais.
Ou não enxergam, só subentendem.
Tenho muito medo da capacidade deles. Dessa mania de analisar as entrelinhas com riqueza de detalhes e não saber como me mostrar a melhor forma de agir.

Confusas demais essas coisas.
Mas não se preocupem, só estou conversando comigo mesmo.
Costumo fazer isso às vezes.

Sem título, só uma confusão...

5 de agosto de 2010


O que seria melhor?
Viver para mim, com objetivos e metas traçadas e direcionadas exclusivamente para mim?
Seria egoísmo né?. Mas eu carrego um egoísmo dentro de mim. Todo mundo carrega.
Mesmo assim, eu não conseguiria pensar dessa forma. Quer dizer, conseguiria. Só não sei viver assim, só para mim.
Porque pensar é fácil demais. Não é à toa que eu vivo pensando. Eu gosto do que é fácil.
Mas sou meio louco. Aprecio a facilidade e sempre trilho os caminhos mais difíceis.
Dificuldades da alma, do ser, do viver. Não é nada material.
Eu estou cansado. Minha vida caiu na rotina, e quando isso acontece as coisas perdem a graça.
Já até me acostumei. Não gosto, mas é o que tenho.
Falta alguma coisa. Eu sei o que é, mas novamente seria egoísmo pedir o que falta.
Quem dera meus sonhos se concretizassem e as coisas fossem como eu quizesse.
Como eu queria acordar e enxergar a beleza do céu sem aquele turbilhão de pensamentos me acusando de alguma coisa.
"Você está fazendo isso errado", "não era isso que você parecia ser", "você precisa acompanhar o tempo".
Sabe, eu acho que estou enlouquecendo. Não digo mais coisa com coisa. Minhas ideias se contradizem a todo momento.
É certo que logo que transcrever esse momento vou sentir um certo arrependimento em expô-lo.
Porque se me perguntarem: "Como assim falta alguma coisa?" eu não vou saber responder.
Torna-se inútil minha tentativa de provocar mudanças.
Imagine uma pessoa que muda de humor constantemente, que não faz tudo que tem em mente, que deixa as coisas acumularem, que faz da vida uma ampulheta numa contagem regressiva interminável e coisa e tal. É assim comigo hoje.
O que me faz bem parece que está distante.
Estou me sentindo meio invisível. Perdendo a cor, o brilho, a graça. Estou caindo aos poucos, andando devagar, segurando nas paredes com medo de despencar.
Se eu cair, me levantem, por favor. E andem comigo.

O Rei dos sonhos

4 de agosto de 2010

"Sempre fui solitário, mas aqui nas praias noturnas do sonho, a solidão flui sobre mim em ondas que me envolvem e arrastam meu espírito.
Jogo areia nas águas escuras. Os grãos queimam enquanto caem e me trazem de volta um passado distante, quando meu rosto era altivo e os olhos cheios de orgulho." 
(Uma esperança no inferno)
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"A morte está diante de mim hoje: como a recuperação de um doente, como a ida para um jardim após a enfermidade.
A morte está diante de mim hoje: como o odor da mirra, como se sentado sob um velame num bom vento.
A morte está diante de mim hoje: como a maldição de um ribeirão, como o retorno de um homem da guerra para sua casa.
A morte está diante de mim hoje: como o lar que um homem anseia ver, após anos passados como cativo."
(O som de suas asas)
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Seguem acima dois trechos que me chamaram a atenção no livro de quadrinhos "Sandman".
Para quem não conhece o livro, leia um pouco sobre ele aqui.
As histórias são um tanto sombrias, mas não deixam de ser ótimas.
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