Eu, inadequado

5 de janeiro de 2015

Imagem: Na Natureza Selvagem (filme de 2007).
Meus dias se resumem a divagações sobre a maneira como eu encaro minha inadequação. Tenho lido livros que me dão ótimas referências. Alguns deles foram escritos por pessoas que, assim como eu, são inadequadas ou ao menos imaginam que são. Não é surpresa o fato de que as coisas que mais me agradam sejam aquelas que envolvam pessoas e suas maneiras perturbadas de viver a vida. É que costumo sentir atração por aquilo que me faz lembrar de quem sou, como se vivesse procurando no mundo espelhos que me ofereçam minha própria imagem refletida. "E se olhas por longo tempo para dentro de um abismo, o abismo também olha para dentro de ti [1]." Além desses livros, tenho também alguns filmes, algumas músicas e, bom, minha própria companhia...

Como um mochileiro com suas bugigangas nas costas, eu tenho viajado por caminhos que ultimamente têm me levado a mim mesmo. Os caminhos são as reflexões; as bugigangas, meu background e as novas conclusões que vou tirando no caminho. A cada nascer do sol são levantadas questões sobre as agonias da existência, o destino do planeta ou o meu mau hábito de entrar no chuveiro e ficar por lá até perceber que gastei muito tempo olhando para as paredes pensando e esqueci de me ensaboar. Penso sobre a complexidade e as inutilidades da vida enquanto estou de pé, mas quando me deito os problemas se voltam para onde eles sempre voltam: eu mesmo. Essa minha inadequação é tão inseparável que de uns tempos para cá eu resolvi aceitar sua presença sem reclamar. Encaro-a como um roteirista de filmes dramáticos encara seus roteiros: como aquele detalhe que dá a razão de ser às suas histórias, da mesma forma a minha inadequação é o que dá sentido à minha vida. Assim, abraçado às minhas queixas e aos meus questionamentos, sigo vivendo.
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