A beleza de estar Só

26 de novembro de 2011

"Tenho aprendido a estar só.
Vou até o jardim.
A manhã está deslumbrante. E, neste instante não preciso de mais ninguém...
Mas, por vezes, é tão difícil esta solidão.
É que ainda necessito compartilhar com alguém o que sinto ser belo.
A beleza em seus múltiplos formatos me fascina."

De Yeruska Thobila, do totalmentecomum.blogspot.com.br
Sou fã de carteirinha desse blog.

O gosto da liberdade

22 de novembro de 2011



Desejo a liberdade desde sempre. Hoje com mais gana como nunca antes havia aspirado algo. Quero-a, amo-a, suspiro ao pensar. E se fecho os olhos uma explosão cria outro universo em mim. Coisa paralela, que transpassa o que se entende como vida. O que eu entendo como vida. E não consigo acalmar o que se passa. Não sei disfarçar as dores dos desejos ignorados. Sei que espero por outra alma igual ou semelhante a minha. Que possa compreender e aceitar a solidão que não deixa de existir quando se está a dois, mas muda a face, vira solidão compartilhada. Pois é nela onde se encontra o elo perdido, a conexão com o próprio eu. Onde está você que consegue ler os meus olhos e segurar a minha mão, me acalmando sem dizer uma só palavra? Será que anda por aí procurando a mim ou se recusa a se apresentar porque ainda tem medo? Medo de quê? De ser feliz? Ora, entendo. É o medo que me impede de ser livre também.
Talvez tenhamos nascido para sonhar, somente. E imaginar como seria viver, esquecendo de fazer isso. Essa mania de criar uma projeção dentro da mente e ser livre somente dentro dela. Essa ilusão de final feliz, de tranqüilidade que meu pessimismo às vezes define como irreal. Mas renego a isso também. Liberdade não é escolher ser bom ou ser mau. Isso é quase ser livre. Liberdade mesmo é não escolher. Deixar que a vida nos carregue como simples crianças. E eu sei que você sabe disso, já que faz parte de mim. Você pode sentir como eu. Eu sei.
E mais. Que transplantem em minhas costas as asas de uma fênix, para que eu possa planar com fogo de transformação. De renascimento. E quando achar que está tudo bem, que esteja tudo errado, para que eu possa começar de novo quando precisar. Não quero apoiar um dos lados, quero estar entremeio, equilibrando.

Não sei

5 de novembro de 2011


Há coisas nessa vida que eu simplesmente não sei. Como se a resposta para o questionamento fosse a própria pergunta. É que pra mim é tão complexo dizer que se gosta, que se ama, que se quer. É tão simples prometer a vida eterna ao lado de alguém quando se está apaixonado. Tão fácil pensar em fugir da vida quando se está triste ou dizer "sim, eu admiro aquela pessoa", só porque a viu em um programa de TV dizendo que gosta das coisas que coincidentemente são as mesmas que você gosta. É sem o mínimo esforço que se pode afirmar algo sem refletir se realmente é assim que você pensa. Por isso eu não tenho certeza de nada, não sei decidir nada, pois eu sei que o tempo muda o que eu acho e que eu sinto, toda hora.
Eu não sei o que quero. Não faço planos. Eu só sei bem o que eu não quero. Assim, eliminando o que não me agrada, sobra-me um milhão de possibilidades. E aí eu deixo a vida me levar e meus dias se resolvem por acaso.

-Você gosta dessa banda?
-Não sei.
-Como assim não sabe?
-Eu já ouvi umas músicas dela, mas não sei se gosto.
-Escuta essa aqui. É muito boa.
-Ok. Vejamos.
[...]
-E ai, o que achou?
-É boa a música.
-Agora você gosta?
-Não sei.
-Você é difícil.
-Eu sei.

Adio o falar

4 de novembro de 2011


"A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente como uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a própria célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor. Daquilo a que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.
Terá sido o amor o que vi? Mas que amor é esse tão cego como o de uma célula-ovo? foi isso? aquele horror, isso era amor? amor tão neutro que - não, não quero ainda me falar, falar agora seria precipitar um sentido como quem depressa se imobiliza na segurança paralisadora de uma terceira perna. Ou estarei apenas adiando o começar a falar? por que não digo nada e apenas ganho tempo? Por medo. É preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto. É como se eu tivesse uma moeda e não soubesse em que país ela vale."
Clarice Lispector (A Paixão segundo G.H.)
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