Fragmentos subjetivos

2 de julho de 2011


Acordava de um sono curto, porém reconfortante. Enquanto sua mente estava neutra perante os primeiros resquícios do dia e seu corpo ainda tentava situar-se, o mundo já estava correndo e infectado pelo que se passa na cabeça dos humanos. São aqueles vinte segundos pós-sono, nos quais a mente ainda está branca e livre das peripécias da imaginação. Foi logo após esse momento que se lembrou de como sua vida estava conturbada e do sonho que havia tido momentos antes do seu despertar. Uma avalanche de pensamentos se despejou sobre ele, logo nas primeiras horas do seu dia, soterrando-o. E lembrou-se de lutar contra as ideias, mas em vão. Lembrar de esquecer algo só contribui para o não esquecimento.
Recordou-se, além disso, de sua rotina. Cinco minutos sentado na beirada da cama, com as pernas sobre a ação da gravidade, constitui um atraso. E deveria levantar-se logo, antes que perdesse a hora devaneando o que o acompanha o dia todo dentro da mente. Teria tempo para pensar depois.
O que a vida se tornou... A obrigação faz matar a vontade do homem. Pensar, só quando sobra tempo. E quando não, há de se pensar enquanto o expediente não acaba. Dividindo os minutos entre introspecção e ofício. Meus rápidos flashs de inspiração são engolidos pelas preocupações diárias. E ainda não entendem porque prefiro discutir a vida a desperdiçar o tempo com o que não me interessa.
Sou adepto ao ócio produtivo, que me purifica e me põe em primeiro plano. Mesmo que por vezes as algemas do mundo sejam mais fortes e me prendam. Minha missão aqui é desatar os nós e me livrar das amarras. Eu quero é ser livre de mim mesmo.

6 comentários:

  1. "Eu quero é ser livre de mim mesmo!"
    Quantas vezes policiando nossos atos nos privamos de nós mesmos? As vezes, nos tornamos nossos piores inimigos e enquanto a sociedade nos impõe correntes, nós fechamos com um sorriso dissimulado o cadeado.
    Ser livre de si mesmo nos remete a uma liberdade de essência, de corpo, de alma. Nos faz ser quem realmente somos e aí já não são necessárias mais explicações!

    Beijos.

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  2. " Lembrar de esquecer algo só contribui para o não esquecimento." - fato.

    Rodrigo, às vezes, a rotina faz disso, não deixa espaço para pensar e ficamos nessa de querer nos livrar de nós mesmos, bem isso...

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  3. Engraçado, todo mundo busca a liberdade. Mais talvez seja a primeira vez que eu vejo o termo ''Eu quero ser livre de mim mesmo'' E de fato é o que mais queremos em certos momentos das nossas vidas. Principalmente quando a rotina sufoca. O importante é que você já sabe qual sua missão, como disse ai em cima, ''desatar os nós e se livrar das amarras'' e creio que esse seja o primeiro passo.

    Beijoss ;*

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  4. "A obrigação faz matar a vontade do homem. Pensar, só quando sobra tempo."
    Esse texto... Diz muito sobre meu momento.
    Como desatar os nós? Como me livrar de mim mesmo? Perguntas que não querem calar e que gostaria imensamente de saber as respostas.

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    Respostas
    1. Hmm...
      E quando você souber as respostas, qual será o próximo passo?
      Reza a lenda que um cara um dia descobriu as respostas das perguntas que o atormentavam "...foi tão chato chegar lá. Era só isso o tempo todo? Talvez nunca ter descoberto as respostas teria sido melhor... Eu me sentia mais vivo procurando saber sobre isso. E eu me pergunto: Qual o próximo passo agora?". Ou alguma coisa parecida com isso...
      Eu não sei, sabe. Ser livre é complexo. Gente como a gente, e aqui eu me atrevo a te rotular, nunca tem sossego. Dizem que quem ousa mergulhar em si, nunca mais consegue voltar à superfície, né?!
      Não sou bom pra dar conselhos, sabe... mas eu sugiro que você se conheça. De verdade mesmo. Aprenda sobre você o máximo que puder... Aprenda a se defender de você mesma. Eu faço isso desde que comecei a cultivar essas "loucuras" e tem dado certo...
      E me desculpe se eu pareci arrogante dizendo essas coisas que pode ser que você já saiba...

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