Para quê?
6 de julho de 2015
É difícil levantar da cama. Conviver.
Planejar. Sonhar. É difícil ter de me esforçar para extrair significados. Convencer-me
todos os dias de que nada disso é em vão, em vão.
Simular sorrisos. Disfarçar
incômodos. Abafar os gritos. É difícil estar camuflado.
É difícil me encarar no espelho e
perceber que estou irreconhecível. Invisível. Evitando sentir enquanto sinto.
Ignorando-me...
É difícil sentar em frente a um computador
e ter de agir como um robô que responde quando é solicitado.
Quais as opções? Recomeços? É
como se eu nunca soubesse analisar as alternativas e, por impulso, escolhesse o
que me é ofertado sem critérios. Uma vida levada no automático, tal qual uma
inteligência artificial que se torna especialista em encontrar padrões e se
adequar a eles.
É difícil amar a vida. Afirmar a
vida. Não ser um fraco que reage, lamenta-se e aceita. É difícil.
É difícil sobreviver sendo um
estranho no ninho sem me perguntar todos os dias: para quê?
Diante do abismo, qual o próximo
passo?
Construir uma ponte, talvez.
Para quê?
Encontro significados. Frágeis. Não
sobrevivem a uma investigação profunda. Tenho de viver na superfície. Sobreviver
na superfície. Mas é tão difícil conseguir fôlego para nadar de volta quando se
está em águas profundas.
Seria a vida uma dura batalha para se voltar à superfície? Para que aprender a mergulhar, afinal?
Doente, afogo-me.
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