Carta para o moço da loja de livros

22 de julho de 2013

"Para o moço da loja de livros.
Seu moço da loja de livros, eu descobri que não precisa de muita coisa pra viver. É verdade! Meus pais falaram que eu preciso estudar para ser alguém na vida e meus professores dizem que eu faço as coisas de um jeito errado, mas eu não me importo muito com isso. Eu não quero ser alguém na vida porque eu já sou. O que eu quero mesmo é crescer e ser grande como meus pais. Mas eu não quero ficar bravo com as pessoas como eles ficam. E eu quero poder almoçar em casa também. E eu não gosto de estudar. Estudar é uma palavra feia, o senhor não acha? É uma palavra que me lembra obrigação. Obrigações não me deixam contente, só me deixam cansado. Eu gosto mesmo é de aprender e tem coisa na escola que não dá vontade.
Além disso, seu moço da loja de livros, eu acho que as pessoas fazem tudo errado, mas não têm coragem de admitir isso, daí elas continuam fazendo assim porque não têm tempo de pensar e mudar as coisas. Mas vai ver elas não sabem disso, né? Elas podem não ter lido aquele livro que o senhor me emprestou semana passada que falava sobre essas coisas. Mas pode deixar que quando eu crescer vou contar isso tudo a elas, porque agora ninguém vai me levar a sério mesmo.
Bom, seu moço da loja de livros, eu não posso escrever muito porque eu não conheço muitas palavras ainda, mas espero que eu tenha escrito tudo direitinho dessa vez. Eu tentei corrigir os meus erros como o senhor me falou aquele dia, e parece que está dando certo.
Ah! Quando o senhor encontrar essa carta eu quero que me avise. Estou tentando descobrir quanto tempo as pessoas levam pra encontrar aquilo que não estão procurando. É que meus pais demoram muito pra achar as coisas quando estão procurando por elas.

Obrigado de novo por me ensinar um monte de coisas. Quando eu for velhinho como o senhor tomara que as crianças também gostem de mim assim.
Com carinho,

do seu amigo da segunda casa depois da loja do moço do doce."

10 comentários:

  1. Que texto fofo!

    Inocente e verdadeiro como a infância.

    Beijo!

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  2. Que coisinha fofa. Sério.
    Gosto de infância...

    Beijos.

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    1. Também gosto de infância, assim como gosto de crianças.

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  3. Havia perdido o endereço daqui, mas que bom que diferente das ruas, aqui na internet a gente sempre dá um jeitinho, não é? Prometo que nao saio mais! Adorei o texto, o tipo de carta que eu escreveria, mesmo não sendo mais tão criança assim, acho que as certezas daquela época continuam.

    Tem texto novo lá no blog, e espero sua visita, e espero que não suma nunca mais.

    um super beijo.
    http://venenosemacas.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Tainá. Que bom que reencontrou o endereço daqui.
      Eu não sei dizer muito sobre minhas certezas de infância... Muita coisa muda. Faço questão de recordá-las, mas a inocência vai se perdendo...
      Vou visitar o seu blog de novo, sim.
      Beijão.

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  4. Geeente, adorei o texto!
    E sei lá, até me identifiquei um pouco também :x
    Não é que eu não goste de estudar, mas esse ano... Está simplesmente tenso. Obrigação atrás de obrigação e isso realmente cansa D:
    E que livro será que ele pegou emprestado com o moço da loja? Hahaha
    Realmente, encantador e poético e fofo demais <3
    Continua escrevendo textos maravilhosos!

    http://recordandopalavras.blogspot.com

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    1. Mayara, a idade vem chegando e - acredite nos adultos - as responsabilidades só aumentam. Como não há como evitar, a saída é torná-las prazerosas (ou pelo menos tentar).

      O livro que ele pegou emprestado é um segredo que ele não me contou. Só me disse que esse livro pode ser muito mais que um objeto com folhas impressas...

      E obrigado pelo elogio!
      Que bom te ver por aqui de novo ^^

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  5. Muito bonito, a ´´inocência`` fascina qualquer um! Nos trás um pouco de esperança!

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