Espiral do Silêncio

7 de abril de 2015

Talvez a minha sensação de não estar vivendo a vida intensamente se deva ao fato de que eu passo a maior parte do tempo omitindo aquilo que eu realmente penso sobre as coisas. Assim não sinto a vida, pois vivo escondido, recuado, abraçado à minha intuição de que as pessoas irão me condenar, excluir, caso eu me exponha demais. O que as pessoas pensam de mim quando me comporto diante delas? Não sei, mas o irônico é que ao tentar esconder a minha falta de tato para com o contrato social, eu me denuncio automaticamente. Eu subestimo as pessoas, porque no fundo elas são mais espertas do que eu suponho serem. Enquanto observo vinte olhos, vinte olhos observam os meus dois. A desvantagem é inevitável...
Tudo isso ajuda a explicar porque a maior parte do tempo eu permaneço calado. Se eu discordo do senso comum, e na maior parte do tempo eu estou rodeado por ele, logo permanecerei quieto, omitindo minhas opiniões em contrário. Além disso, é confortável ser omisso, visto que dá muito mais trabalho ter algo para defender, o que contribui ainda mais para o círculo vicioso.
Tenho minhas ideias, que, apesar de não serem totalmente originais, imagino serem merecedoras de alguns prêmios, e me pergunto: será que um dia se lembrarão de mim? Provavelmente não, pois não se contam histórias de pessoas que pensam. Geralmente as histórias são sobre pessoas que fizeram ou disseram algo sobre aquilo que pensam. "Era uma vez um homem que pensava..." Não, não vai rolar.
Pois bem. De que adianta mergulhar de cabeça nas profundezas em que habitam as grandes questões da existência se de lá nada trago à luz? Lembro com detalhes as coisas que já descobri, mas nada me vem à mente quando penso sobre o que fiz com isso. É como se eu gostasse de acumular conhecimento porque assim eu me sinto diferente das outras pessoas. "Eu sou o único humano consciente em um mundo de ovelhas!". Quanta prepotência! Qual é o meu problema, afinal?!


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