Algumas coisas sobre livros abertos em prateleiras de bibliotecas velhas

19 de setembro de 2013

Eu tenho tantas coisas para dizer e tão poucas oportunidades para fazê-lo! Algumas dessas coisas eu simplesmente esqueço, outras eu não posso mais dizer por ter se passado tempo demais, e outras, ainda, omito por não ter alguém para ouvir.
Dizem que guardar muita coisa consigo próprio é prejudicial à sua saúde psicológica e que o correto é falar, falar e falar. Como se eu fosse um pneu de carro que suporta somente algumas libras de pressão antes de explodir, se assim for mais fácil para entender.
O negócio é que eu não tenho problemas em falar. Eu só não sei ser espontâneo para falar sem ser solicitado. E, geralmente, não recebo muitas solicitações, diga-se de passagem. Talvez porque eu tenha criado essa imagem de ser uma pessoa que não fala, pelo fato de não sair falando sem que me perguntem. Pode ser, pode ser...
Posso fazer uma analogia bonita para explicar melhor:
Minha vida é um livro aberto que fica na última prateleira de uma biblioteca velha. Ela está lá, quietinha, livre para ser folheada. Minha vida, como não pode falar (ela é um livro, e livros não falam), fica esperando que algum curioso toque em suas folhas e descubra o que tem por lá, e, como ela está em um local não muito bom de uma biblioteca não muito nova, as oportunidades existentes para que seja descoberta são ridículas.
A moral da história é que eu não mordo - sério, eu não tenho esse costume -, e que eu estou à disposição caso queira saber alguma coisa sobre mim.
Fica aqui registrado.
Se você chegou até aqui, obrigado. Poucas pessoas costumam frequentar bibliotecas velhas à procura de livros abertos que se encontram na última prateleira...

Alguma realidade

2 de setembro de 2013

[...]
-Cara, você ao menos já tentou encarar os fatos com um pouco mais de otimismo?
-Sim, lógico! Mas não é possível voltar atrás levando em conta o ponto em que já cheguei. E, de toda forma, eu não sou um pessimista. A minha sina é encarar a vida com o máximo de realismo que eu puder. É mania, sabe.
-Joga essa fumaça pra lá!
-Perdão - disse apagando o cigarro na grama. Um realista... Sim, sou um realista. E, veja bem, nada é mais honesto que isso. A esperança não se faz tão necessária. O máximo que você precisa esperar é o possível fruto daquilo que você molda com o conhecimento que adquire enquanto vive. Isso é um dos sinais da coragem. Você se move, faz alguma coisa, e não fica apenas sentado esperando que o mundo conspire a seu favor. Isso é bonito, não acha?
-Não sei, cara. Pode ser.
-É bonito, mas há um grande problema nisso.
-Problema?
-Sim.
-...
-O problema de se ser realista é que a realidade é péssima.
-E isso não faz de você um pessimista?
-Pelo contrário. O realista conhece e aceita o fato de que a realidade é péssima. Mas, ao contrário do pessimista, ele não desiste de tentar fazer alguma coisa.
-Sei não, cara. Acho que você se baseia muito nessas teorias malucas e esquece de viver. Sua vida é um roteiro que nunca sai do papel. Você diz que age, mas só te vejo acuado.
-Eu tenho esse problema também.

No céu havia algumas estrelas e um pedaço de lua em forma de linha curva. O resto era só noite.
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